VII Jornadas da Escola Brasileira de Psicanálise seção São Paulo (EBP-SP)
Organização: Escola Brasileira de Psicanálise seção São Paulo (EBP-SP)
Local: São Paulo (SP)
Data: 20 e 21 de outubro de 2017
Père-version: a função paterna na era do Outro algorítmico
CASTRO, J. C. L.
Resumo: Na contemporaneidade, assistimos a uma mutação do simbólico, com a emergência do Outro algorítmico. Há uma pluralização dos significantes-mestres (S1 como essaim, enxame), dos Nomes-do-Pai, das versões do pai (père-versions). Essa multiplicidade mina o caráter absoluto do Outro, de modo que este desaparece enquanto tal – o Outro algorítmico de nossa época é, na verdade, o Outro que não existe. Na configuração simbólica atual, a lei, enunciada de um lugar exterior, transcendente, cede espaço à norma, que tem algo de imanente, variando de acordo com o sujeito e as circunstâncias. Não é difícil constatar isso ao observarmos o exercício da função paterna hoje. Verifica-se cada vez mais uma espécie de democratização das relações familiares, uma tendência à negociação permanente entre pais e filhos, que engendra certos protocolos de comportamento. Aí residem a convergência e a divergência entre a perversion e a père-version: na primeira a lei customizada é fixada escrupulosamente em seus mínimos detalhes, sempre reencenados, enquanto na segunda se trata de um arranjo flexível. O pai que diz “não” e “sim” é substituído agora pelo pai que diz “depende”. Em alguma medida, a autoridade é transferida do enunciador da lei para as normas em si, aparentemente neutras; são elas doravante os parâmetros aos quais o pai e a criança se referem, como as partes equivalentes de um contrato. A proliferação de normas, que povoam e colonizam o domínio da lei, ao mesmo tempo reflete a inconsistência do Outro e serve como semblante para camuflá-la.
Palavras-chave: père-version, perversão, função paterna, simbólico, algoritmos, Lacan.
English title: Père-version: the paternal function in the age of the algorithmic Other
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