CASTRO, J. C. L.
Sujeito neoliberal: entre performance e gozo.
In: PANSARELLI, D. et al. (orgs.).
Gênero, psicanálise, filosofia na América Latina, filosofia da libertação e pensamento descolonial.
São Paulo (SP),
ANPOF,
p. 119-127,
2019.
ISBN: 978-85-8807-281-7
Resumo: Este trabalho pretende explorar interseções entre a economia política e a economia psíquica do neoliberalismo. O projeto neoliberal leva às últimas consequências a concepção de homo œconomicus do utilitarismo e a amoralidade nela impressa pelo marginalismo. Para Foucault, a teoria neoliberal do capital humano tende a tornar o próprio sujeito um “empreendedor de si mesmo”. Incentiva-se o investimento em si, que incide sobre atributos físicos, psíquicos e intelectuais e se vale das técnicas de si, identificadas posteriormente por Foucault em seu estudo da cultura antiga. Sob o neoliberalismo, contudo, esse investimento não tem limites, podendo chegar por exemplo à eugenia; assim, o principal elemento crítico da análise de Foucault reside na identificação de um novo regime social de controle, baseado não na contenção (como no regime disciplinar clássico) mas na incitação, aproximando-se da ultra-subjetivação, em Laval e Dardot, e do culto à performance, em Ehrenberg. A injunção de performance característica do neoliberalismo articula-se ao imperativo do gozo, identificado por Lacan, nos mundos da produção e do consumo e na dinâmica geral do empreendedorismo neoliberal. Em diversas áreas, a busca de performance representa em si mesma uma fonte de gozo. Adicionalmente, a performance pode ter caráter instrumental, no sentido de viabilizar o gozo. Simetricamente, o imperativo do gozo pode ser concebido em termos de desempenho, na medida em que se idealiza e se mede o grau de felicidade e satisfação.
Palavras-chave: neoliberalismo, sujeito neoliberal, performance, gozo.
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English title: Neoliberal subject: between performance and enjoyment
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